Desenvolvendo a Inteligência Emocional
Desenvolvendo a Inteligência Emocional por Débora Pappalardo
Segundo Mayer & Salovey (1997) a Inteligência Emocional envolve a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções; a capacidade de gerar sentimentos que facilitam o pensamento; a capacidade de compreender as emoções e, ainda, a capacidade de controlar as emoções, de forma a promover o crescimento emocional e intelectual.
Resumidamente, usar intencionalmente as emoções a nosso favor, de modo a produzir resultados positivos; ou, ainda, desenvolvendo a habilidade de manipular as emoções, tornando-as coadjuvantes no processo de nosso crescimento.
Perceber, avaliar e expressar emoções abrange desde a capacidade de identificar emoções em si mesmo e nas outras pessoas, até a capacidade de expressar essas emoções; bem como, avaliar a autenticidade de uma expressão emocional, identificando-se sua veracidade, falsidade ou tentativa de manipulação.
Usar a emoção como facilitadora do pensamento diz respeito à utilização da emoção como um sistema de alerta que dirige a atenção e o pensamento para informações mais relevantes.
O conhecimento emocional, isto é, a compreensão e a análise das emoções, inclui a capacidade de identificar diferenças e nuances entre elas, até a compreensão de sentimentos complexos ou as transições de um sentimento para outro.
O controle das emoções é a capacidade de tolerar as reações emocionais, sejam elas agradáveis ou não, compreendê-las equilibradamente, controlá-las ou mesmo descarregá-las no momento propício, promovendo o crescimento emocional e intelectual.
O grande responsável por nossos sucessos ou fracassos é o Quociente Emocional (Q.E.).
Nossa inteligência emocional pode ser desenvolvida e estimulada por meio de cinco habilidades:
- Ampliação da autoconsciência: percepção do modo como fazemos nossas ponderações e avaliações, nossa atuação em relação aos colegas de trabalho ou no atendimento aos nossos clientes. Ter autoconsciência significa reconhecer e compreender nossos próprios sentimentos, pensamentos e ações, estabelecendo uma relação produtiva entre eles, a fim de que produzam reações favoráveis. Importante estarmos atentos que a forma como nos vemos é, infinitamente, diferente de como somos percebidos pelos outros.
- Controle das emoções: direcionando de nossa energia emocional em busca de resultados positivos. Ter controle de nossas excitações; lembrando-nos que o nosso corpo fala. O entusiasmo e o bom humor deverão ser grandes aliados em nossas lutas diárias. Nossa carreira, sem sombra de dúvidas, será prejudicada por sentimentos como ressentimentos, excesso de crítica e culpa, que requerem grande quantidade de energia e minam todas as nossas forças.
- Automotivação: temos quatro grandes fontes de automotivação, quais sejam:
- Nossas próprias crenças e atitudes – somos aquilo que pensamos ser. Somos dotados de uma capacidade enorme de aprendizagem; portanto nunca deveremos nos considerar incapazes. Atitudes podem ser mudadas e tudo é uma questão de escolha.
- As pessoas que nos cercam – fujamos dos pessimistas. Busquemos apoio e incentivo nos amigos e familiares. Procuremos ter a nossa volta, em nossa equipe, pessoas positivas, motivadas, dispostas a enfrentar desafios.
- A figura de um mentor – um modelo que nos inspire. Alguém que, realmente, admiramos pela capacidade de superar adversidades.
- O ambiente em que convivemos – transformarmos o local de trabalho em um ambiente agradável, com boa iluminação, cores alegres. As mudanças são recomendadas e inspiradoras. Nosso ambiente de trabalho deverá ser um refúgio aconchegante, semelhante a nossa casa.
- Reconhecimento de emoções em outras pessoas: reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos.
- Relacionamentos interpessoais: interagir com outras pessoas utilizando competências sociais.
As três primeiras habilidades são essenciais ao autoconhecimento, enquanto as últimas são importantes na:
- Formação e organização de grupos: habilidade na liderança de grupos, coordenando esforços para atingir os resultados e obtendo o reconhecimento desse grupo e a cooperação espontânea.
- Negociação de soluções: habilidade do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
- Empatia: capacidade de reagir aos desejos e sentimentos dos indivíduos, canalizando-os ao interesse comum.
- Sensibilidade social: capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das pessoa.
Reitero, a inteligência emocional pode ser aprendida e aperfeiçoada, pois quando estamos motivados, somos capazes de enfrentar crises e obstáculos com coragem e determinação, tornamo-nos mais criativos e propensos a levar nossas ações a bom termo.
Daniel Goleman, psicólogo que popularizou o termo Inteligência Emocional, a partir de 1995, afirma que o Quociente de Inteligência (QI) elevado de uma pessoa, não garantirá seu sucesso e felicidade; demonstrando que pessoas com QI elevados podem, sim, fracassar.
O êxito pode ser produzido por qualquer indivíduo, desde que tenha capacidade para controlar seus impulsos, agindo de forma coerente e com uma inteligência emocionalmente construída.
Portanto, a inteligência emocional significa não somente possuir os conhecimentos técnicos ou saberes intelectuais. Vai além disso. É ter pleno controle das emoções e aplicar a inteligência para obter êxito nos relacionamentos afetivos, sociais e profissionais. É desenvolver o amor próprio e a autoestima elevada, acreditando em seu potencial. Ser capaz de gerenciar as emoções, produzindo um equilíbrio capaz de lidar com situações adversas e a solução de problemas.
A inteligência emocional é a base propícia para a conquista da excelência, aprimorada a partir de uma associação favorável entre a razão e a emoção.
Uma pessoa com grau desenvolvido de inteligência emocional caracteriza-se pela habilidade e capacidade de perceber e controlar suas emoções e das pessoas que o cercam. Tal pessoa tem ampliada a sua capacidade de dominar as emoções com inteligência, passando a utilizar o fluxo de suas emoções de forma inteligente e construtiva, melhorando, dessa forma, seus relacionamentos no âmbito conjugal, afetivo, social e profissional.
A inteligência emocional é vista como a maneira pela qual a pessoa dirige a própria vida, relacionando-se bem com as pessoas, sejam elas fáceis ou difíceis de lidar. Também, a maneira como a pessoa resolve as situações de sua vida, de modo a conseguir os resultados que deseja.
Mas, não se pode descartar, o interesse que se tem pelas outras pessoas.
Entendendo, primeiramente, que cada um é um ser único e que interpreta os fatos de forma singular.
Mantendo um relacionamento produtivo e adequado com as pessoas, mesmo sabendo que aquilo que é bom para mim, poderá não o ser para o outro.
Tendo a compreensão que a outra pessoa pensa de forma diferente, sem que isso mude o meu ponto de vista.
Compreendendo que o momento é o agora. Tudo o que fizermos, no momento presente, influenciará os acontecimentos futuros.
Sabendo aproveitar as experiências passadas, tirando delas um aprendizado. Com isso, podemos reformular nossas estratégias de ação, buscando atingir nossas metas de maneira eficiente.
Desenvolvendo nossa percepção e acuidade sensorial, para detectarmos qual o estado interno da pessoa com o qual estamos nos relacionando.
Importantíssimo é assumirmos a responsabilidade sobre o que não deu certo ou em relação àquilo que nos incomodou. Algumas pessoas agem sempre de forma desagradável conosco; precisamos descobrir o que temos feito ou deixado de fazer, que faz com que essas pessoas persistam nesse comportamento que nos aborrece. Dessa forma, cresceremos como pessoas e investiremos em nossa maturidade.
Assumir o lugar do outro é a chave que abre inúmeras portas.
Desvencilhar-se dos traumas da infância, especialmente com pais e professores. Grande parte das atitudes deles tinha como objetivo educar ou corrigir um comportamento nosso que consideravam inadequado.
Guardar mágoas e ressentimentos é um campo fértil para o desenvolvimento de doenças físicas e o bloqueio do crescimento pessoal.
Uma pessoa que está de bem consigo mesma, poderá render muito mais para a organização do que aquela que traz todos os seus problemas para o trabalho, fazendo com que sua produção caia e, consequentemente, atrapalhando a todos os outros que trabalham com ela. Trabalhando a inteligência emocional, a pessoa canalizará as emoções para os momentos apropriados, aprenderá a lidar com as suas emoções e agirá de forma mais racional.
David McClelland, famoso psicólogo da Universidade de Harvard, em pesquisa realizada a mais de uma década, relacionou aspectos da inteligência emocional aos resultados do negócio. Verificou que líderes com maior número de competências emocionais foram mais longe do que seus pares que não as possuíam.
Pessoas com a inteligência emocional bem desenvolvida têm extrema facilidade de integração e de relacionamento, adaptando-se, com sucesso, à dinâmica organizacional. Acima de criatividade e comunicação, as pessoas emocionalmente inteligentes possuem um forte sentido de responsabilidade e uma capacidade notável de adaptação às mudanças.
Motivo pelo qual as organizações têm dedicado especial atenção a este fator nos processos de recrutamento e seleção, especialmente, para cargos de liderança.
Débora Pappalardo
Débora Pappalardo é sócia da Inrise Consultoria em Marketing Jurídico, graduada em Administração de Empresas e Pós-Graduada em Gestão Financeira e Gestão de RH e Psicologia Organizacional, atuando no recrutamento e seleção de profissionais, bem como, no estudo de reestruturação organizacional de escritórios jurídicos.